sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"New", Paul McCartney, outubro de 2013

 Com uma proposta bem distinta dos seus últimos trabalhos, “Kisses on the Bottom”, de 2012 e “Memory Almost Full”, de 2007, o disco sugere o que diz o próprio título, novo, claro que nada que nunca tenha sido feito antes na história da música, obviamente, porém é um disco recheado de sintetizadores e variados efeitos, com baladas clássicas no seu estilo, belas harmonias vocais, guitarras, uma levada pop e a qualidade genial deste que pode ser o maior nome da música no século XX.
 O primeiro single, “New”, foi lançado um pouco antes do lançamento do disco, que foi em 11 de outubro de 2013, e remete bastante ao som dos Beatles, principalmente no disco “Revolver”, de 66, a sua levada, seus efeitos e sonoridade, como se hoje fosse possível extrair exatamente o que queria Paul naqueles dias, porém de maneira absurdamente mais facilitada, devido a toda a tecnologia disponível nos dias atuais, mas é claro que, sem as alucinantes experiências sensoriais vivida pelos Beatles nos anos 60, o que dá um clima único daquele tempo à sua obra, e que não retornará. Se pensarmos que também nos anos 80 havia essa sensação de “o futuro chegou”, com exagero nos efeitos e possibilidades no estúdio, este disco é bastante coeso, pois divide bem as proporções sobre efeitos eletrônicos e a simplicidade rústica clássica do rock, bem diferente daquele super mal recebido disco de 86, “Press to Play”, onde este também intenciona soar contemporâneo e atual, porém o que vemos hoje é um disco que compete no máximo com algum disco chato do “Tears For Fears”.
 Há também o single “Queenie Eye”, com a levada bem marcada pelo piano, assim como em várias outras faixas do disco, típico de McCartney, onde também há a harmonia entre os sintetizadores, harmonias vocais e efeitos variados. Em um ritmo dançante, a música representa bem o estilo do disco e sua euforia. Também há o vídeo para esta faixa, com participações de estrelas hollywoodianas, entre outras, tal como Johnny Depp, que também aparece no recente clip de “My Valentine”.
 A produção ficou a cargo de quatro produtores, alguns
 filhos de amigos seus, também dando a nítida intenção de atualidade e mistura de influências. O time conta com Ethan Johns, que produziu Kings of Leon e também é filho de Glyn Johns, engenheiro que trabalhou com os Beatles e também com os Wings; Giles Martin, este filho do mestre George Martin; Mark Ronson, que produziu Amy Winehouse e por último Paul Epworth, este que produziu a cantora Adele. Com quatro diferentes produtores, o disco muda de clima e de atmosfera conforme seguimos ouvindo-o, porém mantendo sempre presente o clima de pop e de rock, os efeitos moderados e os belos preenchimentos vocais, característicos em toda a carreira do mestre, exceto se falarmos de sua obra erudita.
 Talvez não seja seu melhor disco na década de 00, porém é muito rico, um disco feliz (exceto talvez pela última faixa, “Struggle”, que soa bastante melancólica), que aponta o quão longínqua ainda será a invejável carreira de McCartney, que esbanja saúde, simpatia e genialidade, dando a garantia de um futuro ainda promissor e de sucesso, e também esperanças de mais shows ao redor do planeta.


Clip de "Queenie Eye"