domingo, 30 de novembro de 2014

Paradesporto: O esporte que dá sentido à vida


Não importa se ganha ou se perde, todos são guerreiros e vitoriosos 
O exemplo dessa gente determinada que comove e emociona



 Em Porto Alegre, em meio à Copa do Mundo e a tantos protestos e manifestações que ocupam redes sociais e as pautas de debates cotidianos, alheios a isso, existe uma associação que atua na inclusão de crianças, jovens e adultos através do esporte na sociedade. Essa associação chama-se RS Paradesporto.
Luiz Portinho, presidente da RS Paradesporto
Foto: Jo Reis


 Com um trabalho social importantíssimo, a organização atua há dez anos na formação de atletas que competem, muitas vezes, em torneios, copas e campeonatos internacionais, em diversas modalidades, mas que não aparecem tanto nos meios massivos de comunicação, tendo então que agir e divulgar o seu trabalho por suas próprias mãos, tal como o fazem no site www.rsparadesporto.org.br, além do canal no youtube Paradesporto TV. A associação trabalha com esportes como o basquete, a natação, o atletismo, o futebol, o rúgbi, entre outros. Também há seis anos desenvolve um projeto voltado a crianças com deficiência, realizando ainda, além das modalidades esportivas, aulas de dança contemporânea com essas crianças, aulas estas que são apoiadas pela Secretaria de Cultura do município. “No início desse trabalho voltado às crianças, contávamos com o apoio voluntariado dos próprios associados, além da participação em editais, na tentativa de captar verbas para um melhor desenvolvimento do projeto”, declara Luiz Portinho, presidente da associação RS Paradesporto. “Hoje, para esse projeto específico junto a crianças deficientes, contamos com o apoio do Criança Esperança, que nos apoia desde 2013 e que se tornou fundamental para o andamento do projeto, podendo hoje contratar diversos profissionais, tais como secretárias, estagiários, técnicos de enfermagem, entre outros, além de mais professores, atuando todos então juntos à associação”, afirma Portinho. Segundo ele também, graças a esse apoio financeiro do Criança Esperança, é possível hoje disponibilizar materiais diversos para as aulas, disponibilizar transporte, além de ampliar de forma significativa o trabalho, que era feito com aproximadamente 15 crianças e que hoje trabalha com 60.
Luiz Portinho junto de alguns alunos e funcionários da RS Paradesporto
Foto: Jo Reis
  Além das dificuldades corriqueiras dos espaços para o desenvolvimento das atividades e das dificuldades financeiras, há também o preconceito da sociedade, a ignorância sobre o assunto, sobre as diferentes e inúmeras necessidades especiais que cada indivíduo possui, existe também ainda o preconceito do próprio deficiente. “Às vezes tem o cara que, mesmo na cadeira de rodas, com uma deficiência bastante explícita, se nega a participar ou ser incluído no projeto, alegando que não é como a gente”, explica Luiz Portinho, deixando claro que há uma resistência preconceituosa por parte de alguns portadores de deficiência, por não se considerarem eles mesmos deficientes, por associarem isso de forma pejorativa. “Enquanto muitos se empolgam com o nosso convite para conhecer a associação, muitos nem ao menos se reconhecem como deficientes, e isso dificulta bastante a nossa tentativa de inclusão perante a sociedade, já que há preconceitos que partem dos próprios portadores de necessidades especiais”, afirma Portinho, porém ele considera que hoje, graças ao esporte paralímpico, este preconceito amenizou-se, pois no passado essa perspectiva preconceituosa, oriunda da falta de conhecimento, era mais presente do que nos dias atuais. “Ainda hoje existe o paradigma das pessoas deficientes serem consideradas doentes e incapazes, tanto por empresas que contratam apenas pela obrigação de cumprir suas cotas, quanto ainda por outras ONGs e associações, que tratam os atletas e alunos como pacientes”, declara Luiz Portinho. “Temos como objetivo dar autonomia aos nossos alunos, a viver de forma independente na sociedade, a cair e levantar como uma pessoa comum. Paciente é doente, e não somos doentes, somos portadores de necessidades especiais, e podemos atuar no mercado de trabalho como qualquer pessoa”, afirma Luiz Portinho.
Treino da equipe de basquete
Foto: Arquivo RS Paradesporto

  

 Recentemente, no sábado dia 22 de novembro, a equipe de basquete da RS Paradesporto, que também faz parte da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas, foi vice-campeã estadual na copa que reúne todas as equipes de basquete paralímpico do estado. A associação já formou atletas paralímpicos profissionais, que disputam competições internacionais, além do trabalho voltado à inclusão social e a capacitação psicológica e profissional, através da autoestima que o esporte dá às crianças e demais alunos da associação. 



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