quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Capitão Rodrigo - A Saga De Um Homem Comum

  Nessa terça feira, dia 10 de novembro, a banda apresentou o seu show intitulado A Saga De Um Homem Comum, no teatro Carlos Urbim na 61ª Feira do Livro de Porto Alegre, para um público que lotou, viu e ouviu entusiasmado a ópera rock da banda porto-alegrense. 

 A banda é bastante conhecida por suas performances teatrais, vinculadas a cenários e a figurinos deslumbrantes que ilustram o show dessa trupe de artistas, misturando o teatro e o rock para criticar com bom humor as mazelas de nossa sociedade. 

 Sob a produção do grupo Mosaico Cultural, que é formado pelos próprios músicos e demais parceiros, a Capitão Rodrigo abrange para além do gênero que sustenta a alcunha do espetáculo tal como uma ópera rock, trabalhando muito sobre um groove funkeado -  o clássico soul ou r&b - que já são marcas registradas do estilo sonoro da banda, porém vão mais longe, inserindo outros ritmos brasileiros oriundos do nordeste e demais regiões, ainda com os acordes milongueiros de outrora, mas com passagens que remetem ao rap, ou até mesmo ao funk carioca, além de momentos em que a música passa a ter uma cor e uma atmosfera infantil, criando alusões ao que é contado no palco de forma linear, a saga de Pompeu Homero; sua infância dura, suas descobertas adolescentes, sua revolta infernal, a ascensão na mídia e sua final e fatídica queda. 
 O show faz críticas satíricas e contundentes ao sistema político, às corruptas instituições religiosas e à mídia sensacionalista, com releituras instrumentais de antigos temas da banda, além de novas versões de algumas de suas canções que somam de maneira literal a saga de Pompeu, numa narrativa performática cuja prende de imediato a atenção do público, com projeções no palco e ainda, com alguns dos integrantes tocando e cantando em meio à plateia, esta que impressiona-se com a energia carismática do grupo. A Capitão Rodrigo ainda se permite a não ter pudor ou papas na língua quando critica de forma bem humorada setores poderosos de nossa sociedade, proferindo alguns poucos palavrões, tão comuns e corriqueiros, mas que ainda chocam parte da público. Das inúmeras referências possivelmente percebidas, é notável a figura do Diabo que entra em cena, esta que fala num sotaque que lembra entidades religiosas de matrizes africanas, algo talvez entre um Preto Velho fanho e a Pomba Gira, porém trajado como um cangaceiro que ostenta grandes aspas; uma figura que, tal como as demais, passeia entre o cômico e o trágico, condenando, por fim, a personagem principal após as barbaridades que esta cometeu, que incluem o assassinato dos próprios membros da banda, numa ótima passagem do show onde as projeções no palco ilustram o sangue derramado pela fúria justiceira de Pompeu Homero. 

 Formada por Rafa Cambará, que canta na voz principal e toca acordeon; Ju Rossi, que além de também cantar, toca saxofone, dança e interage em meio ao público por vários momentos; Nando Rossa na guitarra e vocais; Cuba Cambará no teclado e pandeiro; Gilberto Oliveira no baixo e na direção musical e Eduardo Schuler na bateria, toda a banda atua caracterizada e canta em coro A Saga De Um Homem Comum, onde ainda os músicos Nando Cambará e Gilberto Oliveira trocam seus instrumentos durante o show, permitindo que o então baixista execute magníficos solos de guitarra, num ótimo espetáculo sonoro e visual que faz com que o público se divirta e reflita criticamente sobre a sociedade contemporânea, enchendo os olhos de maneira teatral, e os ouvidos com boa música.

http://www.capitaorodrigo.com.br/