sexta-feira, 4 de abril de 2014

Guns N' Roses em Porto Alegre - 2014


 Bom, em resumo, pode-se dizer que foi um bom show, ao menos para todos aqueles adolescentes que formavam a maior parte do público presente. Para mim foi bom porque visualizei e ouvi (?) o frontman que mais exerceu influência sobre mim desde minha tenra mocidade, mesmo que entre pilares gigantescos e à uma distância desconfortável, com todo o calor que fazia dentro do pavilhão e ainda submetido à extorsão, caso fosse necessário o consumo de líquidos durante o show, tudo isso tornou tudo bastante desconfortável. Mas é isso, por tal aspecto os ingressos VIP’s e assemelhados nos saem tão caros. Você paga para ficar debaixo do mesmo teto que seu ídolo, não muito mais que isso.
 Então, devido aos recentes concertos dados pela banda, por alguns vexames inclusive, já esperava um atraso imenso, falta de qualidade talvez na performance vocal de Axl e qualquer tipo de imprevisto, pois não só dado os fatos recentes, clássicas são as bagunças e confusões desde sempre no âmbito do Guns N’ Roses. No entanto, não houve um grande atraso, subiram por volta das 22:20, após a banda de abertura ter deixado o palco às 21:30. E se tratando da voz, estava sim abaixo daquele padrão antigo, bem abaixo, no entanto, todos já sabem que o ruivo gordicho não tem mais o mesmo pique e, principalmente, a mesma potência na voz, porém o que me incomodou e irritou mesmo foi a baixa qualidade sonora do evento. Não somente quando cantava, mas em momentos de puro instrumental, eram notáveis os ruídos agudos vindos dos PA’s, cujos aumentavam drasticamente quando a voz de Axl entrava, essa que oscilava nos volumes por demais, às vezes mais alto que tudo e estourando as frequências agudas, às vezes tão sumida que nem parecia que cantava o rapaz. Esse quesito foi o mais grave, a sua voz já não está tudo isso, soando às vezes como um falsete, tal como um soprano Mickey Mouse, porém como disse, todos já sabemos como anda sua voz, porém o erro maior foi do equipamento e de seus operadores.
 Enquanto executavam a faixa “Better”, do disco “Chinse Democracy” (que é um bom disco por sinal), Axl interrompeu a música alegando estar ouvindo um ruído no seu retorno, um problema técnico suficiente para que este parasse a música na metade e reiniciasse em seguida, pedindo desculpas por isso. Imaginem se ele ouvisse o que eu estava ouvindo lá atrás...
  A banda é excelente, seus 3 guitarristas intercalam solos e bases entre si, imitando inclusive os timbres clássicos de Slash, principalmente DJ Ashba em “Sweet Child O’ Mine”. Ficou impecável. Todos com seus momentos solo no palco, e um deles , Ron Thal,  tocou e cantou uma música, sendo essa a única que não reconheci no repertório da banda, também este executou de forma sublime o “Tema da Vitória”, aquele do Airton Senna. Foi um grande momento do show.
  Algumas músicas no set surpreenderam, tal como a antiguíssima “Nice Boys”, do disco “Live Like a Suicide”. Foi uma pedrada. “I Used to Love Her” foi também um ponto forte do show, assim como “Estranged”, que havia dado problema no show de Curitiba, me parece. Do Chinese Democracy,  as faixas "Catcher in the Rye" e "Shackler's Revenge" foram destaques. “You Could Be Mine” não ficou legal, a voz parecia que sumia por completo, porém isso aconteceu em todas as faixas, creio, mas nessa foi entristecedor. Talvez sua voz não alcançasse o volume adequado para esta em questão, mas a falha técnica, o maldito zumbido agudo, os sons muitas vezes indecifráveis devido ao espaço não ter um mínimo de isolamento acústico, tornou a coisa bem razoável, mas digo, a falha foi generalizada, e não apenas dos músicos do palco, porém estes deveriam assegurar que o som dos PA’s fosse adequado. Mas talvez fosse isso impossível naquele lugar, que estava lotado.

  Ainda o baixista Tommy Stinson tocou e cantou o clássico dos Sex Pistols “Holiday in the Sun”, que ficou bem legal, sua voz e seu estilo se encaixam totalmente à vibe punk inglês. Antes de "Knockin’ On Heaven’s Door", Axl (que demonstrou simpatia durante o show) dedicou esta às vítimas da boate Kiss em Santa Maria, e a todos que houvessem perdido alguém amado nos últimos tempos. Legal.
 Surpreendeu-me também o cover de “The Seeker”, clássico da banda britânica The Who, executado próximo ao fim do show, com Axl nos vocais. Ficou bem interessante também, mas claro, tudo isso em meio aos zumbidos e sons indecifráveis que, de onde eu estava, incomodavam demasiadamente.
 Chegando então ao fim do show, a banda executa a previsível “Paradise City”, sem bis, deixando de todos os seus grandes clássicos de lado apenas "Civil War", cuja eu ainda tinha esperanças para o final.

 Foi um bom show para mim, que já sabia das possíveis merdas, e também pelo preço que paguei, metade do valor oficial, graças ao Grupon e a um cartão de crédito com crédito. Foi válido, mas se houvesse pago 170 reais, ficado onde fiquei e ouvido o que ouvi o tempo todo, teria me arrependido muito. O show do Slash no Pepsi on Stage foi bem melhor. Depois disso, só volto a assistir ao gordinho ruivo se o cabeludo da cartola estiver do seu lado.