domingo, 10 de novembro de 2013

Ghost

 Quando ouvi pela primeira vez achei desnecessária, comum, insonsa a banda Ghost, pois o som apresenta um heavy metal comum, sem quebras de ritmo, sem grandes solos e harmonias complexas e principalmente, sem um vocal poderoso, cheio de vibratos e high pitches, tal como sempre admirei no heavy metal, considerando essenciais tais técnicas "dickinsonísticas", porém eu estava enganado em relação à sua mediocridade.
 A banda faz sim um heavy metal de instrumental básico, porém de qualidade, mas todos sabem que o que faz o tamanho da banda, e sua fama mundial, é o visual teatral acompanhado de suas macabras e satânicas letras. Isso por si só já seria motivo de críticas, pois existem muitas bandas clássicas que já  fizeram um papel teatral no palco no passado. Alice Cooper, David Bowie, Kiss, King Diamond, Slipknot e até Marilyn Manson entra na lista das bandas teatrais e cênicas na história do rock n' roll, além do gênero black metal, desde o clássico Venom até os contemporâneos e melódicos Cradle of Filth, estilo este calcado no visual e letras impressionistas, satânicas, com referências literárias e góticas, porém essa banda em questão tem sim, elementos diferenciados. O visual e letras são uma afronta direta ao clérigo cristão, todo o visual é baseado na igreja católica, tal como uma versão negativa, de outra dimensão, tipo uma anti matéria formada por átomos de potência igual, porém inversa a do vaticano e suas excentricidades, algo talvez nunca feito por outro artista de forma tão fiel, tão ferrenhamente blasfêmia (a não ser a banda sessentista The Monks, cujo visual era também inspirado em monges, porém desta, pode se dizer que foram precursoras de um proto punk nunca visto até então) e provocativa aos costumes católicos, tão presentes em certos países europeus e no Brasil.  Porém no que me cabe como cantor, repito que estava enganado sobre a simplicidade do vocal da banda, pois com a ajuda de um amigo guitarrista, este que fez aulas em sua adolescência de canto gregoriano, mostrou-me a apuração de tal técnica, como é projetado o som da voz neste estilo, e toda a sua dificuldade e precisão, fato este que remeteu-me diretamente a banda citada, pois não obstante, a banda zomba de forma inteligente e apurada toda a cultura cristã, desde o visual até este estilo de canto, típico dos antigos monges europeus e que no contexto da banda exalta satanás e outras vulgaridades anti católicas (também lembrando a trilha do filme "The Omen" de 1976, no Brasil "A Profecia", de trilha sonora original composta por Jerry Goldsmith, que também consiste em canto gregoriano satânico), no entanto, apesar dessas qualidades, a sua originalidade não ultrapassa os nomes já citados aqui .
 No seu disco de estréia Infestissumam (2013), podemos evidenciar  esta teoria citada no texto, basta uma ligeira ouvida nas primeiras faixas e uma vista em suas performances no Youtube.




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