domingo, 6 de setembro de 2015

Narcos - 2015


 Não decepciona a primeira temporada de Narcos, pois há uma ótima presença de Wagner Moura interpretando o mítico gangster, convencendo bem com seu espanhol estudado e ensaiado e com sua forte presença. É um grande ator. Também sequências de perseguições em cenários típicos que desenham o ambiente de maneira realista, com muita inserção de fotos e vídeos históricos. Com certeza, uma ótima série de ação com relevantes fatos reais, que revelam parte de como se formaram os grandes cartéis narco traficantes da Colômbia. Mas também é notável na série um senso de imparcialidade, onde o narrador, membro da DEA, não omite as inescrupulosas manobras de seu famigerado país, CIA, exército, embaixadora e dele próprio, que para atingir sucesso em sua busca, foge às regras junto de seu parceiro, indo contra aos seus próprios princípios nacionalistas, me parece que em parte a série enfraquece essa ideologia patriótica imperialista estadunidense, e isso é bom. O que a série também vende em parte, o que também é claro em séries como Breaking Bad e Game of Thrones, por exemplo, são as personagens ambíguas, os anti heróis, o conceito de que, todos temos o bem e o mal dentro de si, ninguém é inocente, não há heróis, há conveniências. Pablo Escobar queria o congresso e o populismo, os “heróis” que o perseguem são apenas três, além da dupla de agentes que escapavam de seus protocolos e desafiavam seus superiores, cada um com suas motivações, o militar Carillo é o perseguidor de maior idoneidade e bravura entre eles, um colombiano, enquanto o governo gringo queria apenas perseguir os “comunistas”, ou seja, só o confronto político de quem manda mais com a velha USSR importava, foda-se a Colômbia, foda-se a Nicarágua, só o poder vale, apenas quando se deram conta do império que se levantava, tendo como mercado o seu próprio jardim, é que os estadunidenses fingiram se importar, porque apenas, de novo, alguém poderia se equiparar em algum aspecto com o Tio Sam e sua prepotência. A série evidencia isso na primeira metade da primeira temporada, por isso enfraquece essa visão heróica que Hollywood sempre vendeu pro mundo, a arrogância norte americana é exposta através das personagens, e isso a desmoraliza, além de quando ocorre o nítido acordo ao final com o cartel de Cali, evidenciando ainda mais o anti heroísmo da obra. Também uma boa trilha sonora com clássicos latinos e o tema de abertura de Rodrigo Amarante, que caiu bem. Além dos brasileiros Wagner Moura e André Mattos no elenco, a série tem a direção e roteiro de José Padilha em alguns episódios, que conta ainda com o chileno Pedro Pascal como Javier Peña, o príncipe da casa Martell assassinado na arena em GoT, e Boyd Holbrook como protagonista, o agente Steve Murphy, mas o destaque do elenco é de fato Moura, que engordou 20 quilos para o papel. O trabalho é feito por gente de experiência em muitas das outras grandes séries produzidas recentemente, tendo o criador Chris Brancato já trabalhado em séries como Arquivo X e Hannibal, porém a troca de diretores constante pode ter alterado o ritmo dos episódios entre si, mas creio que isso seja normal e proposital, fato que é uma grande série, que foca mais nos conflitos em torno das personagens principais, evitando uma glamurização de festas e outras possíveis extravagancias ocasionadas pelo consumo de drogas, é raro ver alguém usando a cocaína na série, apenas a maconha tem seu consumo bastante mostrado, além da planta em si, o que acontece também com a coca no início, mostrando parte de como ocorre a fabricação da droga. Tudo indica uma próxima temporada ainda sobre a saga de Pablo Escobar, basta que siga com a qualidade desta que o sucesso aumentará. Recomendo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário