quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A Maldição de Frankenstein - 1957



 Se analisarmos a obra como sendo uma interpretação à parte do romance original, mesmo hoje, o filme pode ser considerado um marco referencial do gênero, o que de fato é, pois foi a primeira imersão no universo do horror gótico da produtora inglesa Hammer, lá nos idos de 1957, e que foi objeto de sua dedicação até o final dos anos 70, despontando estrelas como Peter Cushing e Christopher Lee.

 A Maldição de Frankenstein foi um sucesso na época, o que fez com que a Hammer seguisse apostando no gênero, no entanto, nem de longe desencava os sentimentos angustiantes, a melancolia e o clima lúgubre e amaldiçoado que inunda toda a extensão do romance de Mary Shelley, pois como dito, essa é uma interpretação bem diferente do romance, o que pode ter sido causado por questões dos direitos sobre a obra original, por isso, além dos nomes de algumas personagens da trama, apenas o fato de Victor Frankenstein ser um cientista obcecado pelo seu trabalho, que consiste em dar vida a uma criatura formada por partes distintas de cadáveres, é idêntico ao livro, o que é obrigatório no filme que detém tal título, no entanto no filme, o cientista assassina parte das vítimas que compõe o corpo de sua criatura, fato extremo que não ocorre no livro, dentre outras particularidades da película bem distintas do original. Mas temos pequenas alusões também, por exemplo quando a criatura encontra-se com um velho cego em um bosque, o que no livro se dá de maneira e circunstâncias muito diferentes. Não temos o drama nos confins dos gelos polares que dão inicio à obra, e que também ambienta o seu triste desfecho, o filme se passa todo na casa de Frankenstein, que a herda ainda muito jovem, quando então começa os seus estudos macabros, apoiado pelo tutor contratado. No livro, esse processo de aprendizado se dá de maneira muito diferente, com Victor mergulhando de fato em sua pesquisa apenas quando sai da casa de seus pais em Genebra, estudando autores alquimistas considerados ultrapassados em sua época, em uma obsessão que ultrapassa qualquer limite de sanidade, o que lhe faz cair doente e termina por desgraçar toda a sua família. Claro que a devida ambientação traria gastos exorbitantes à produção, além de que, provavelmente teria um resultado desastroso, dessa maneira, o diretor Terence Fisher consegue dar vida a uma nova obra baseada no clássico romance, e que obteve o êxito merecido, difundindo o gênero a inúmeras gerações que viriam a seguir. 
 Enfim, o filme como uma obra independente é muito bom, com um cenário e um clima que, com certeza, aterrorizou o público na época de seu lançamento, mas que hoje, não passa de uma referência histórica, trazendo diversão ao público, e também o deslumbre de um dos primeiros trabalhos de sucesso de Christopher Lee, que encarna o monstro, ator cujo hoje é cultuado por legiões de fãs, por seus inúmeros trabalhos desde a época na Hammer.

 O filme faz parte da mostra Hammer - 80 anos de Horror, na Sala P. F. Gastal, que fica no 3º andar da Usina do Gasômetro. A mostra vai até o dia 16 de agosto, abaixo o link.



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