terça-feira, 6 de agosto de 2013

Bove(a)ry

Cruzo bares imundos pela noite escarlate
Entre bêbados moribundos, refúgio
Na sua desesperança, a terra sempre abriga
Suas dores, seus gemidos, suas serenatas

E eu que, sem medo, navego pelas águas
Negras de fel e loucura
Abrigo-me e regozijo-me
Com as almas feridas e desalmadas

E as mesmas almas que sofrem o desespero
Cantam a desonra e a dor
As bocas desmembradas, gritam
No teu chão Bovery, teu esmero

Eu sigo para as luzes
Que não abrigam melhor que tu
Pois a sede, a cobiça vazia obriga
Nos impulsiona ao covil de abutres

Mas eu volto pra ti, Bovery
Que não entende, mas conforta
A perda, o sonho, o desgosto
A loucura que chora e ri

Mais que uma madame promíscua
Mais que um berço de insana hospitalidade
Envolve-me no teu manto
Ó impura, cruel dor, que não cura
Mas sacia minha sede de insanidade





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