sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Os Subterrâneos - Jack Kerouac

 No princípio, a maneira como se distribuía o texto incomodou-me por demais, o achei tosco, impulsivo, me parecia um devaneio lunático, como se o tipo estivesse há 3 dias cheirando cocaína, bebendo café e escrevendo sem parar tudo o que lhe viesse a cabeça, como se nada pudesse ser desperdiçado ou mesmo filtrado. Mas logo antes da metade do livro, acredito, adaptei-me a esse ritmo frenético kerouaciano, com todos os seus parênteses seguido de parênteses seguidos de mais parênteses, quase sem vírgulas, pontos ou divisões, um raciocínio e relato que levava a outro e a outro ainda, me fazendo às vezes voltar a página para recordar o que era mesmo que estava sendo dito ali.
 Mas a importância artística e histórica desta obra é indiscutível, tanto pelo estilo único e incomparável de Kerouac, quanto pelo que ali é apresentado, um romance entre 2 "subterrâneos", hips, beats, em uma San Francisco de clima caótico e alucinado, em meio a discussões malucas literárias, festas e bebedeiras entre poetas, artistas, regado a muito bop  e muitas noites sem dormir, além da profecia triste e melancólica do fim do grande escritor, proferida por ele mesmo neste livro, seu fim pelo alcoolismo e loucura.

Uma grande obra, não a melhor do mestre, mas uma fundamental. 





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