quinta-feira, 4 de junho de 2015

Loucura noturna e imperativa: Reflexão caótica, produto do fluxo de pensamentos infinitesimais parcialmente organizados


 O músico pensa música quase o tempo todo, o artista é artista o tempo todo. O ator, o poeta, o cartunista, o arquiteto, o escultor, o pintor, o bailarino o é, os são todo o tempo, respiram a função, acordam e dormem imaginando, aperfeiçoando, criticando e gozando a função artística. Atletas também fazem o mesmo, sendo inclusive um significante diferencial a qualquer modalidade física a prática meditativa, pois além do treinamento físico, tático e técnico, também pratica-se o treinamento mental, visualizando cada movimento, cada golpe, cada ação e reação, cada segundo de respiração e concentração.
 O desenvolvimento intelectual, seja a prática física disciplinada, seja a canalização de energia, é praticada por tanto tempo, por tantas culturas, de tantas formas, milhões de formas e maneiras distintas, por gregos, por romanos, por árabes, por chineses, por guaranis, por vikings, por celtas, por astecas, por mongóis, por hunos, por assírios, por judeus, por incas, por botsatvas de longínquas montanhas nevadas do Tibete, por vagabundos da capital capitalística, por beats, por hips, por junkies, por mods, por emos, por gays, por mães incompreendidas, por órfãos odiados, por modelos de beleza jovem, sexy e fotogênica, mas tristes por dentro, por nerds banhados em acme que pensam e pensam e pensam e precisam tomar uma atitude, por sangrentos seres sensíveis, por muitos e muitos e muitos, por tantas culturas, pessoas de lugares e de histórias diferentes, por tantos que morreram calados, sofridos e esquecidos, por outros tantos que foram idolatrados em sua época, mas esmagados pelo sistema sucessor, que na maioria das vezes não permite ou ensina essa capacidade de evolução existencial, omitindo antigos ensinamentos, apagando da história velhos aprendizados e implantando novas regras estúpidas em benefício dos que controlam o sistema.
 Mas então, de repente, surge uma verdade, única, objetiva e cruel, verdade é que somos propriedades do sistema, sim, sistema, estrutura, independente do nome da coisa, pois a palavra tem apenas o dever de simbolizar uma ideia, de arte ou de ciência, sendo ela mesma arte, porém em muitíssimos casos é inadequada, confundida, desmembrada, distorcida, magra, fraca, não alcança a sensação, a intenção de comunicar, não é suficiente. Apenas mestres são mestres, mestres das palavras, estes que concentram em sua memória um apanhado, um baú, um vocabulário violento, largo, de sua língua pátria, pois a linguagem é uma arte riquíssima. Mas o português, especificamente no Brasil, apanha muito, é ultrajado e molestado todos os dias, nem os encarregados de ensinar e passar o conhecimento adiante, nem os comunicadores, ainda mais hoje, nestes tempos modernos, tempos de linguagem internética, nem esses profissionais manipulam e usufruem e fazem uso da língua devidamente, mas por outro lado, isso também é rico, a linguagem é mista, desregrada, ela é e deve seguir sendo mais viva que a colonização e exploração da gente que a manipulou, ela tem a missão de passar adiante a mensagem que extraímos das profundezas da memória, da consciência, por isso o apelo à licença de loucura poética, desvalorizando-a talvez, apagando seu sentido original primitivo talvez, mas cumprindo a sua simples função de transmitir, mesmo que parcialmente, a ideia.
 Todos somos feijões de uma vagem de uma planta para um cesto de um colhedor funcionário da casa grande, essa é a verdade, mesmo que as palavras não a resumam completa e definitivamente. Pensemos mais.
“O voar é para os pássaros o que o pensar é para os homens”, Albert Einstein.


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